domingo, abril 12, 2009

Conservar a Natureza: porquê?

"NÃO PODEMOS ESPERAR MAIS"


Já lá vai o tempo em que os homens podiam alegar desconhecimento, ou mesmo ignorância, sobre as consequências que uma utilização desregrada da natureza acarretaria a curto prazo. Nos tempos actuais, tempos de informação em tempo real, a realidade não pode ser ignorada por ninguém. E muito menos temos o direito de ignorar as responsabilidades que a cada um de nós cabem pelos crimes que cometemos, tantas e tantas vezes em nome de um progresso ou de um desenvolvimento a que agora chamam de sustentável.
Como se fosse conceptuável a existência de outro tipo de desenvolvimento!!
Cépticos? Ora façamos algumas contas simples:
Um veículo moderno, a gasolina, emite em média 150 gramas de dióxido de carbono por quilómetro percorrido. Por força da lei, tal valor está profusamente divulgado, pelo que nenhum proprietário pode ignorar que, para uma vida média de 5 anos, na qual vai percorrer 120 000 quilómetros, coloca na atmosfera da Terra qualquer coisa como 18 toneladas de CO2 !!! Multipliquemos este valor pelo número de veículos semelhantes, adicionemos as fábricas, os aviões (sim, os aviões...), etc e o número a que chegamos é mais que justificativo de um degelo anunciado.
Tenho para mim que só quando a água molhar os calcanhares dos distraídos que dão, erradamente, pelo nome de Homo sapiens sapiens, alguma coisa se fará!!
E não se pense que a destruição do património natural é algo recente; as coisas começaram há muitos, muitos anos...
Antes da última glaciação (Würm), já com o Homo sapiens por estas bandas, o nosso território, por exemplo, possuía um clima subtropical húmido, estando coberto por uma floresta de lenhosas sempre-verdes, semelhante à que ainda hoje se observa nos Açores e na Madeira.

Predominavam árvores da família das Lauraceas como o Loureiro, o Til, o Vinhático e o Barbuzano, razão pela qual a conhecemos como Laurissilva (silva=floresta).

Devido ao extremo frio, esta floresta praticamente desaparece, sobrevivendo apenas nas ilhas da Macaronésia, onde o clima ameno se mantém, resultante do isolamento pela água termorregulante. Após as glaciações, novas espécies ocuparam os nichos ecológicos vagos: eram arbóreas lenhosas, predominantemente da família das Fagáceas, como os Carvalhos (Género Quercus), as Faias e os Castanheiros.

Esta Fagossilva alimentou o Lusitano que não conhecia o trigo, fornecendo-lhe caça e frutos, farinha de bolota para o pão, castanhas e verdes.
Com o advento da agricultura e da pastorícia, iniciámos a destruição do coberto vegetal, para campos de pastagem.

Mais tarde, com os descobrimentos, ajudámos a Europa a cometer o maior disparate ecológico de sempre: a destruição de quase toda a floresta.
Cada nau consumia 2 a 4 mil Carvalhos-alvarinho!
Só para as campanhas de Ceuta e Índia construíram-se 1000 naus e para a do Brasil cerca de 500, num total de mais de cinco milhões de carvalhos!
Dir-se-á, pois, que a tendência do homem para a destruição do património natural e, por arrasto, a sua auto-destruição, já vem de longe...
Eu próprio me espantei quando estes números me foram fornecidos pelo Professor Jorge Paiva, conhecedor como ninguém das realidades da destruição das florestas tropicais. Li em tempos num boletim da Unesco, que desaparecem anualmente 200000 Km2 destes ecossistemas, em grande parte para que possamos comer hamburgers! Recorramos de novo à matemática para dividirmos este número pelos 365 dias do ano, o resultado por 24 horas, o quociente por 60 minutos e uma última vez por 60 segundos.
O valor obtido dá-nos a área que destruímos por segundo neste planeta (ainda) azul! Para quem não quis fazer as contas, são qualquer coisa como 6 360 m2 , o equivalente à área do relvado de um campo de futebol!
Mesmo que exista algum exagero nestes números, a realidade é bem cruel: o Homem está a destruir o seu suporte de vida, os ecossistemas de que depende para se alimentar (é à biodiversidade dos sistemas naturais que vai buscar as espécies que cultiva), para respirar, para curar as suas doenças...
E os exemplos podiam continuar quase indefinidamente, mas com que resultados? Passaríamos a adquirir veículos híbridos, menos poluentes? Passariam as multinacionais petrolíferas a investir nas energias alternativas? O governo Americano passaria a assinar e a respeitar todas as convenções e tratados sobre desenvolvimento sustentável?
Não.
A única maneira de arrepiarmos caminho é estarmos conscientes das consequências da nossa actuação. E para isso, há que mudar programas escolares, educar ambientalmente os jovens, ensinar-lhes de pequeninos os valores de que dependem para sobreviver, afinal ensinarem-nos a serem Cidadãos, assim, com um “C” grande. E depois é esperar que a receita produza efeitos. Demora gerações. Demasiadas, temo eu, para tão urgente tarefa que desde há décadas se anuncia.
Para mudarmos de atitude, temos que interiorizar a natureza.
Podemos conhecer os conceitos, ter na ponta da língua definições e termos muito ambientais, em suma, conhecer toda a teoria! Mas nada substitui o contacto com a verdadeira natureza, com cujas lições aprendemos sobre as sensibilidades do seu funcionamento, sobre os segredos da sua persistência em existir para além dos tempos!
E para isso não nos dão tempo. Os valores dos nossos jovens são feitos do plástico dos grandes centros comerciais. Nas grandes cidades há crianças que nunca tocaram uma galinha ou viram uma ave de rapina a caçar. Não distinguem uma laranjeira de uma macieira.
Separa-se o lixo por que é moda – não se sente o gesto! A poluição e o desperdício são termos que não estranhamos.
O Homem, última criação de uma evolução quase perfeita(?), é o único animal que utiliza a Natureza contra si próprio. Dir-se-ia que se orgulha por utilizar a inteligência da forma mais estúpida possível.
Porquê a conservação da natureza? Porque já não podemos esperar mais. Como disse um chefe índio, «não herdámos a Terra dos nossos antepassados, antes a pedimos emprestada aos nossos netos».
E haverá um dia em que temos de lhes prestar contas, acrescento eu. Mais depressa do que julgamos.

1 comentário:

  1. Prezado Colega, boa tarde.

    Muito importante a todos nós que fazemos o planeta Terra, sua preocupação.
    Sou aposentado do BNB, há 9 anos. À época, quando trabalhava no sul da Bahia, como agente de desenvolvimento, participei da implementação da Agenda 21, que tratava de assuntos inclusive, revistos na Rio +20. Dentre todos os assuntos abordados, o que mais me preocupou, foi a preservação e conservação do nosso potencial hídrico, que já estava sendo cada vez mais, banalizado pela ação danosa do homem atual. Acompanhamos um trabalho que se iniciava junto às comunidades baianas, que se preocupavam com a poluição e contaminação dos rios e mananciais hidrográficos, com o descarte irregular de OGR (Óleo e Gordura Residual), por toda a comunidade, onde foi criado o programa "Papa-óleo".
    Ao aposentar-me, resolvi dar continuidade ao movimento, e ao chegar em Fortaleza - CE, onde passei a residir, procurando recolher OGR e transformar esse resíduo em sabão.
    Passei a pesquisar sobre o assunto e em contato com correspondentes na Europa, encontrei formas alternativas e mantenedoras da Natureza, de produzir um sabão fino e Ecológico, que não agredisse o meio-ambiente e protegesse o nosso potencial hídrico.
    Mesmo fazendo um trabalho individual e com recursos próprios, continuamos trabalhando. É um trabalho lento, pois não temos nenhum tipo de incentivo e apoio do governo brasileiro, que só se preocupa em mostrar para o exterior, uma fantasia fora de sua realidade, investindo em projetos que em nada irão contribuir para o desenvolvimento do país, nem tampouco de sua população carente de tudo.
    Para conhecer um pouco do nosso trabalho, estamos disponibilizando um pequeno vídeo que produzimos sobre o nosso sabão e se for condizente com vosso trabalho, pode divulgá-lo para ajudar a disseminar a idéia e conscientizar àquelas pessoas que ainda estão cegas de que, se houver uma terceira guerra mundial, o motivo desta, será a escassez de água potável.
    Veja o vídeo no endereço: http://youtu.be/af2h1L7P-Wg

    Atenciosamente, Rômulo Costa

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