quinta-feira, agosto 12, 2010

Ainda os ratos da Berlenga

Não me conformo, como cidadão e como Biólogo, com o crime ambiental que a Câmara Municipal de Peniche está a levar a cabo nas Berlengas! A denúncia da situação tem que ser veemente e é o que tenciono fazer, quer junto das autoridades nacionais (coniventes, seguramente) quer junto das instâncias comunitárias, já que como Reserva Biogenética do Conselho da Europa, somos responsáveis perante mais de 200 milhões de pessoas pela salvaguarda da biodiversidade daquele santuário da Natureza.

E para que todos fiquem informados, saibam que o tóxico que está a ser utilizado (Bromadiolona) é proibido, a nível europeu, pela sua toxicidade, inespecificidade e capacidade de contaminação ambiental.

A utilização deste veneno viola claramente a Directiva 92/43/CEE do Conselho da Europa (Jornal Oficial nº L206 de 21 de Maio de 1992, págs 0007-0050) sobre a preservação da vida selvagem.

A vitamina K, antagonista com a bromadiolona e que é, pomposamente, referida como antídoto, tem a sua venda proibida nas farmácias portuguesas! Só nas farmácias hospitalares e em situações especiais se consegue arranjar, apesar de ser totalmente inócua para a saúde humana. As razões desta proibição são curiosas, mas não cabem aqui. O que interessa é que se alguém ingerir bromadiolona, só no hospital se poderá tratar! Nem os veterinários a podem adquirir!

Estamos pois, perante um CRIME ambiental, que urge denunciar, pois a Câmara Municipal de Peniche está deliberadamente a matar uma população relíquia de uma espécie com características únicas e que pela legislação da própria Reserva está totalmente protegida, para além das disposições internacionais sobre biodiversidade que o estado português assinou.

quarta-feira, agosto 11, 2010

Abate indiscriminado de uma população relíquia de Rattus rattus


Já tenho escrito que o Homem, único ser inteligente na Terra, prima por usar os neurónios da maneira mais estúpida possível!
A Reserva Natural das Berlengas é disto um exemplo: em poucos anos, deixámos extinguir um réptil único, por não cumprimento de programas acordados com investigadores e sem que se levantasse um dedo para tentar salvar a população de Timon lepidus. Entretanto, dão-se reformas chorudas e enterra-se o dinheiro dos contribuintes em bancos.
O coberto vegetal da Berlenga, de rara sensibilidade e enorme valor conservacionista, está de tal forma debilitado devido ao excesso de gaivotas que nitrificam os solos com os seus dejectos, que é uma pálida imagem do que foi há 15 anos! Contudo, insiste-se de forma pouco inteligente em nada fazer para reduzir o número de efectivos adultos na ilha, optando-se por medidas populistas de pseudo-controle de ovos!
E agora, se isso não bastasse, dizima-se a população de Rato-preto, uma população relíquia ainda mal estudada, de enorme valor conservacionista, que não oferece qualquer perigo para a população humana e que até podia constituir uma mais-valia num eco-turismo inteligente! Assim mesmo, sem estudos nem avaliações e sem pensar nas consequências da introdução na cadeia alimentar de veneno anticoagulante, proibido pelo Anexo IV da Convenção de Berna (estamos a falar de uma população natural) e que causa uma morte lenta por hemorragias aos animais.
E já agora, desde quando é que a Câmara Municipal de Peniche se substitui ao ICNB na gestão de populações naturais?

E depois admiram-se de a Candidatura a Reserva da Biosfera ter sido reprovada...