quinta-feira, outubro 22, 2009

Animais ferozes...

Saiu recentemente a Portaria 1226/2009, que proíbe a posse de animais "perigosos". Quem a quiser apreciar, basta descarregar da internet o respectivo PDF. Foi o que fiz, intrigado com tanta polémica levantada na comunicação social, pensando que me ia deparar com um  texto imenso, carregado de justificações bioéticas e conservacionistas, de difícil leitura e interpretação.

Afinal, o texto é curtinho, claro e simples! Porquê, então, tanta polémica?
Depois de muito pensar, só encontro uma explicação: porque a comunicação social assim o decidiu!

Proibir a posse de animais retirados à força do seu meio ambiente natural para serem expostos de uma forma degradante, não só me parece lógico, como a forma mais elementar de um ser que se diz racional, actuar!
Se há 100 anos a exibição de animais exóticos "encaixava" na cultura social e científica da época, hoje, com os conhecimentos de que dispomos e sabendo que a intervenção humana junto dos ecossistemas colocou drasticamente em perigo muitas espécies, tal prática é no mínimo estúpida e sem sentido!

Justifica-se a Portaria, no seu preâmbulo, que as razões da publicação se prendem com legislação internacional sobre conservação da natureza, mas também com o bem-estar e a saúde desses exemplares e com a garantia da segurança, do bem-estar e da comodidade dos cidadãos em função da perigosidade, efectiva ou potencial, inerente aos espécimes...

E foi por aqui que os media "pegaram", já que é suposto os circos possuírem animais "perigosos"!! E como o homem não gosta de ser ameaçado, ainda por cima por um qualquer Tigre-de-benguela, foi o que se viu.


E o pior é que esta "mensagem" passa para as crianças, que acreditam de facto na existência de animais perigosos, para além do homem.... E se a legislação o diz, é porque é verdade! Como se fosse normal o homem viver com animais "selvagens" (pessoalmente prefiro o termo silvestres, mas isso fica para outra conversa) que, obviamente, modificam comportamentos fora do seu habitat, reagindo em consonância!

Haja bom senso... e comodidade para o cidadão (não repararam?)!