quinta-feira, dezembro 31, 2009

U.G.I´s - ou como enganar o povinho...

As 3 letrinhas significam "urbanização de génese ilegal", ou seja, uma forma bem cínica de dar corpo e protecção jurídico-legal a um montão de aberrações que por esse país proliferam.
Em vez de termos a coragem de deitar abaixo e repor assim a legalidade, admitimos que existam casas sem que alguma vez um arquitecto ou engenheiro tivessem opinado sobre o assunto.

E sabem que mais? As seguradoras até fazem seguros a essas casas e a EDP e a PT colocam lá os seus produtos, mesmo ainda antes de o processo de "legalização" estar concluído.

Mas isto a propósito de quê? Eu explico: UGI é, para mim, toda a construção que surja em locais onde o bom censo o proíbe, quer por questões de vocação do terreno quer por questões de segurança.

Perante esta premissa, as coisas são claras: quando ouço nas notícias que o estado vai pagar, com o dinheiro dos meus impostos, os estragos que as intempéries causaram em casas que não deviam estar onde estão, porque alguém foi subornado ou porque não foram seguidas as mais elementares regras de urbanismo, ou porque para ser "legal" neste país, uma casa "só" tem de possuir um documento que o diga.... apetece-me partir a cara a alguém!

Bom Ano Novo (duvido..)

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Copenhaga

Começa hoje mais uma tentativa para criar compromissos internacionais que permitam à humanidade ter esperança em sobreviver!

Em Copenhaga, na Dinamarca, 12 anos depois de Kioto, o Mundo esclarecido aguarda por "fumo branco" no final da conferência, que reúne 192(!) países, entre os quais a China e os EUA. No final, esperemos que da montanha não nasça um rato, uma vez que os países industrializados que são, no seu conjunto, responsáveis por dois terços das emissões de CO2, não deram até ao momento grandes sinais de se entenderem quanto às ajudas a conceder aos mais desfavorecidos...

Salva-se a administração dos Estados Unidos, que pela primeira vez parece estar disposta a assinar um compromisso. Resta saber qual vai ser.

domingo, novembro 29, 2009

Sociedade policial ou Orwell às voltas no túmulo...

George Orwell acertou em cheio com as previsões de uma sociedade policial, controladora dos movimentos e liberdades dos cidadãos, excepto na data... não foi em 1984 (ainda não tínhamos a tecnologia para tal), mas já aí está, debaixo dos nossos olhos e a tocar-nos de mansinho, escondida com a capa da democracia de uma Europa unida(!?) !!!

Mas concretizemos, caro leitor... O que faria se o proibissem de aceder à internet livremente, tal como agora faz? O que faria se soubesse que cada vez que encarasse uma câmara de vídeo-vigilância, alguém lhe estava a controlar os passos através da assinatura única, que é a sua vista?

Ficção, dirão alguns, talvez quase todos....

Pois não é, não senhor. A UE estuda a forma de aplicar o que parece já ser "consensual" ente os seus membros (a mim, ninguém me perguntou nada... e a si?), que é o chamado "telecom package", que consiste, nada mais, nada menos, na possibilidade de os ISP (Internet Service Provider), ou seja, quem lhe "meteu" a net  lá em casa (PT, Zon, Cabovisão, etc), lhe venderem pacotes de acesso à Web, tal como lhe vendem pacotes de canais de TV...

Ou seja, se quiser ter internet, PAGA e bem.... Imagine um pacote básico em que pode aceder apenas a sites portugueses e apenas a um ou dois motores de busca.... Um outro, se quiser aceder ao Gmail... etc.

Até a mim me parece abstrusa esta hipótese, mas já não digo nada... o melhor é pesquisarem por "Telcom Packages" e lerem vocês próprios...

Orwel, onde quer que esteja, deve rebolar-se a rir da nossa ingenuidade (leia-se estupidez).

Ambiente com semana de 5 dias...

Ouvi esta tarde uma notícia que criticava o facto de museus estarem fechados ao fim de semana! Que os espanhóis não gostavam, e que assim poderiam desistir de vir passar os seus fins-de-semana cá na terra...

Pensei para comigo que isso devia ser estratégia do nosso Governo, uma vez que faz o mesmo às Áreas Protegidas: sábados e domingos não há nada para ninguém! E se não acreditam, experimentem ir visitar, por exemplo, a Quinta de Marim, onde se situa a sede do Parque Natural da Ria Formosa. Nem um Vigilantezinho para inglês ver...


Mas acreditem os leitores, é para bem de todos nós!! Assim, não tendo nada que os "distraia" em Portugal, depressa nuestros hermanos vão desistir de ficar com este cantinho ensolarado como mais uma província.

quinta-feira, outubro 22, 2009

Animais ferozes...

Saiu recentemente a Portaria 1226/2009, que proíbe a posse de animais "perigosos". Quem a quiser apreciar, basta descarregar da internet o respectivo PDF. Foi o que fiz, intrigado com tanta polémica levantada na comunicação social, pensando que me ia deparar com um  texto imenso, carregado de justificações bioéticas e conservacionistas, de difícil leitura e interpretação.

Afinal, o texto é curtinho, claro e simples! Porquê, então, tanta polémica?
Depois de muito pensar, só encontro uma explicação: porque a comunicação social assim o decidiu!

Proibir a posse de animais retirados à força do seu meio ambiente natural para serem expostos de uma forma degradante, não só me parece lógico, como a forma mais elementar de um ser que se diz racional, actuar!
Se há 100 anos a exibição de animais exóticos "encaixava" na cultura social e científica da época, hoje, com os conhecimentos de que dispomos e sabendo que a intervenção humana junto dos ecossistemas colocou drasticamente em perigo muitas espécies, tal prática é no mínimo estúpida e sem sentido!

Justifica-se a Portaria, no seu preâmbulo, que as razões da publicação se prendem com legislação internacional sobre conservação da natureza, mas também com o bem-estar e a saúde desses exemplares e com a garantia da segurança, do bem-estar e da comodidade dos cidadãos em função da perigosidade, efectiva ou potencial, inerente aos espécimes...

E foi por aqui que os media "pegaram", já que é suposto os circos possuírem animais "perigosos"!! E como o homem não gosta de ser ameaçado, ainda por cima por um qualquer Tigre-de-benguela, foi o que se viu.


E o pior é que esta "mensagem" passa para as crianças, que acreditam de facto na existência de animais perigosos, para além do homem.... E se a legislação o diz, é porque é verdade! Como se fosse normal o homem viver com animais "selvagens" (pessoalmente prefiro o termo silvestres, mas isso fica para outra conversa) que, obviamente, modificam comportamentos fora do seu habitat, reagindo em consonância!

Haja bom senso... e comodidade para o cidadão (não repararam?)!



sábado, setembro 26, 2009

Eleições... pouco naturais!

Este post é pequenino... É que andei por aí a ver e a (tentar) rever o que os nossos candidatos à Assembleia da República (sim, porque que eu saiba, não temos eleições para primeiro-ministro...) disseram em matéria de ambiente, e... Pois é, também não se lembram de ter ouvido grande coisa, pois não? E curiosamente, nem os nossos "jornalistas", nos tão propalados debates televisivos, tocaram no assunto! Até parece que sem os recursos naturais, sem os serviços dos Ecossistemas, vamos ter eleições por muito mais décadas.... Porque é que o ser humano utiliza a sua inteligência da forma mais estúpida que consegue?

quinta-feira, setembro 17, 2009

As Berlengas... e a falta de memória.

Um destes dias vi a repetição de um programa "Biosfera", dedicado às Berlengas... Que fique clara a minha admiração pela RTP2 e pela produção do programa, único digno dedicado à causa da sustentabilidade neste terceiro calhau a contar do Sol. Mas...

Há sempre um "mas", alguém disse um dia. E neste caso o "mas" deve-se ao facto de os intervenientes no programa, em particular os entrevistados, já que os jornalistas serão muito jovens (mas não serve de desculpa...), falarem dos problemas que afectam aquele arquipélago como se tivessem descoberto a pólvora...

Podia escrever páginas e páginas sobre o assunto, mas vou ser sintético e MUITO claro... os leitores que comentem e opinem....

Em tempos, realizou-se na Berlenga a maior acção de Conservação da Natureza que alguma vez foi realizada em Portugal, quer pela dimensão de recursos utilizados, humanos e materiais, quer pelo enorme impacto que teve junto da opinião pública e política deste país. Levou 4 anos a preparar, meticulosamente, com um rigor quase militar, e promoveu junto da opinião pública e da população de Peniche mais de 120 acções de esclarecimento e debate.

Refiro-me à "Operação Larus", destinada a controlar os efectivos adultos da população nidificante de Gaivotas na Ilha da Berlenga. E sabem porque é que se realizou esta operação? Porque o excessivo número de efectivos na Ilha estava a colocar em causa a biodiversidade única daquele local. Foram retirados 20000 adultos à população, tendo o seu número baixado para 23000 aproximadamente.

E sabem que mais? Desde 1988 (pelo menos) que os responsáveis na altura pelos destinos da Reserva andavam a alertar para a diminuição da população de Airos, da população de Lagartos e da excessiva nitrificação dos solos, com a consequente invasão de plantas guanófilas.... E à conta destes alertas, as lixeiras a céu aberto tiveram um fim antecipado neste país, pois alimentavam as gaivotas... e à conta destes alertas, foram orçamentadas várias acções no PIDDAC e nos fundos comunitários para se recuperar a biodiversidade da Ilha, nomeadamente aquelas que agora parece terem sido descobertas pela primeira vez, como o controlo de Chorão....!

Vamos ficar por aqui hoje, não sem referir que candidatar a Berlenga a Reserva da Biosfera já tinha sido feito nos anos 90 (foi chumbado...), que projectar instalar energia solar se chamou Valoren e foi chumbado para a Ilha pelo Conselho Geral da Reserva devido ao impacto visual na altura, e que abastecer o Bairro de água através de dessalinização só não continua a fazer-se.... porque a dessalinizadora instalada em 1994 foi literalmente abandonada....

Ou seja, a memória dos homens é curta e por causa dela repetem-se estudos, duplicam-se esforços, gastam-se recursos a mais e manda-se para o lixo uma experiência riquíssima que um monte de Biólogos e outros técnicos acumularam em papel que hoje ninguém parece saber onde pára.

Talvez por isto os lagartos mencionados no "Biosfera" já se tenham extinguido....

domingo, abril 12, 2009

Bitoque...

Perguntarão porquê este título... eu passo a explicar: alguém sabe a origem do nome "bitoque", essa verdadeira instituição nacional que consta de um bife aparadinho, mais ou menos arredondado, para "coincidir" com o ovo a cavalo e acompanhado de batatas fritas, não raro arroz e salada?
Pois bem me parecia... E eu também não sabia, até que uma colega, verdadeiro poço de cultura cujas histórias dá gosto ouvir, esclareceu-me a curiosidade! Aqui fica, tal como a ouvi....
Parece que na Galiza é tradição servir-se um bife aparado, com ovo a cavalo e batatas redondinhas salteadas. Ora há uns aninhos, um Galego apaixonado por Lisboa por aqui se decidiu estabelecer, com um restaurante, na baixa. Claro que o tal bife galego passou a fazer parte da ementa e em breve se tornou popular. O nome do senhor Galego era Bitoque....

E já agora, ficam duas pelo preço de uma.... O nosso "prego".... Porquê esta designação?
Pois acontece que para se fazer um bitoque, o verdadeiro, com o bife do formato aproximado do ovo, era (é) necessário aparar o bife... Essas aparas, longe de serem desperdiçadas, eram vendidas dentro de pão, com o seu molho. E parece que aparas, lá para os lados da Galiza, se diz "pregos"... daí a "prego no pão", foi um instante....

O que faz a estupidez...

A notícia já tem umas semanas: foi morto a tiro um macho de Águia-imperial que nidificava em Portugal, com sucesso. O cadáver foi encontrado junto ao ninho, na área de Castro Verde.
É nestas alturas que me pergunto o que é um ser humano!! É suposto sermos inteligentes, percebermos porque ainda estamos vivos neste planeta que estamos a destruir, mas não.... a estupidez impera!
Que se destruam matas centenárias, Reserva Botânicas, que através da figura dos "PIN's" se dê a volta à legislação e se construa onde era impensável, que surjam aeroportos no deserto e onde "jamais" se poderia construir um, dados os danos irreparáveis aos aquíferos da zona (lembram-se desta?), ou que se construam Alquevas desnecessários, eu ainda consigo perceber: é que algures, alguém vai lucrar e MUITO com todos estes empreendimentos, mas seguramente que não é a comunidade, que se vê privada de serviços de ecossistema fundamentais.

Agora uma Águia!???

A quem aproveita a morte deste animal? Quem foi o estúpido criminoso que foi capaz de o fazer?

Triste país este onde matar é um desporto, onde fazer sofrer animais é tradição e cultura...

País de "faz de conta"

A Mata dos Medos (=dunas), parte integrante da Paisagem Protegida da Arriba Fóssil da Costa da Caparica, está classificada como Reserva Botânica desde 1971 e a sua importância é inquestionável... Mas façamos de conta que não é assim, que afinal "aquilo" não tem importância nenhuma, que até está a estorvar e que todos estes anos em que uns "maduros" teimaram em preservar aquele espaço, foram um desperdício.

Ou seja, chamemos estúpidos e alarves a todos os Biólogos que por lá estudam e estudaram, idiotas a quem criou a Reserva e parvos a todos os que naquele local insubstituível usufruem de um serviço de ecossistema a que têm direito.

Mas não se esqueçam, façamos apenas de conta, porque de facto não estamos num país em que os nossos representantes (e empregados, já agora...) se estão nas tintas para o que vão deixar para as gerações vindouras, não estamos num país em que os interesses particulares se sobrepõem aos colectivos, não estamos num país em que os cidadãos não participam nas assembleias decisórias dos seus municípios, não estamos num país em que decide quem não percebe nada do assunto.

Porque se estivéssemos, então era grave e seguramente a justiça puniria severamente quem por dolo, por ignorância ou por estupidez, colocasse em causa ou destruísse o Património Natural colectivo.

Ouço falar em petições, ouço falar em queixas apresentadas ou a apresentar em tribunal, quiçá em Bruxelas. A Quercus apresentou uma providência cautelar, que demora a ter despacho.... entretanto, o concurso público abriu! Temo que mais um atentado contra a natureza e a nossa inteligência seja cometido, caso não acordemos e ponhamos ordem na casa!

Apetece-me gritar "vamos a eles" !

Conservar a Natureza: porquê?

"NÃO PODEMOS ESPERAR MAIS"


Já lá vai o tempo em que os homens podiam alegar desconhecimento, ou mesmo ignorância, sobre as consequências que uma utilização desregrada da natureza acarretaria a curto prazo. Nos tempos actuais, tempos de informação em tempo real, a realidade não pode ser ignorada por ninguém. E muito menos temos o direito de ignorar as responsabilidades que a cada um de nós cabem pelos crimes que cometemos, tantas e tantas vezes em nome de um progresso ou de um desenvolvimento a que agora chamam de sustentável.
Como se fosse conceptuável a existência de outro tipo de desenvolvimento!!
Cépticos? Ora façamos algumas contas simples:
Um veículo moderno, a gasolina, emite em média 150 gramas de dióxido de carbono por quilómetro percorrido. Por força da lei, tal valor está profusamente divulgado, pelo que nenhum proprietário pode ignorar que, para uma vida média de 5 anos, na qual vai percorrer 120 000 quilómetros, coloca na atmosfera da Terra qualquer coisa como 18 toneladas de CO2 !!! Multipliquemos este valor pelo número de veículos semelhantes, adicionemos as fábricas, os aviões (sim, os aviões...), etc e o número a que chegamos é mais que justificativo de um degelo anunciado.
Tenho para mim que só quando a água molhar os calcanhares dos distraídos que dão, erradamente, pelo nome de Homo sapiens sapiens, alguma coisa se fará!!
E não se pense que a destruição do património natural é algo recente; as coisas começaram há muitos, muitos anos...
Antes da última glaciação (Würm), já com o Homo sapiens por estas bandas, o nosso território, por exemplo, possuía um clima subtropical húmido, estando coberto por uma floresta de lenhosas sempre-verdes, semelhante à que ainda hoje se observa nos Açores e na Madeira.

Predominavam árvores da família das Lauraceas como o Loureiro, o Til, o Vinhático e o Barbuzano, razão pela qual a conhecemos como Laurissilva (silva=floresta).

Devido ao extremo frio, esta floresta praticamente desaparece, sobrevivendo apenas nas ilhas da Macaronésia, onde o clima ameno se mantém, resultante do isolamento pela água termorregulante. Após as glaciações, novas espécies ocuparam os nichos ecológicos vagos: eram arbóreas lenhosas, predominantemente da família das Fagáceas, como os Carvalhos (Género Quercus), as Faias e os Castanheiros.

Esta Fagossilva alimentou o Lusitano que não conhecia o trigo, fornecendo-lhe caça e frutos, farinha de bolota para o pão, castanhas e verdes.
Com o advento da agricultura e da pastorícia, iniciámos a destruição do coberto vegetal, para campos de pastagem.

Mais tarde, com os descobrimentos, ajudámos a Europa a cometer o maior disparate ecológico de sempre: a destruição de quase toda a floresta.
Cada nau consumia 2 a 4 mil Carvalhos-alvarinho!
Só para as campanhas de Ceuta e Índia construíram-se 1000 naus e para a do Brasil cerca de 500, num total de mais de cinco milhões de carvalhos!
Dir-se-á, pois, que a tendência do homem para a destruição do património natural e, por arrasto, a sua auto-destruição, já vem de longe...
Eu próprio me espantei quando estes números me foram fornecidos pelo Professor Jorge Paiva, conhecedor como ninguém das realidades da destruição das florestas tropicais. Li em tempos num boletim da Unesco, que desaparecem anualmente 200000 Km2 destes ecossistemas, em grande parte para que possamos comer hamburgers! Recorramos de novo à matemática para dividirmos este número pelos 365 dias do ano, o resultado por 24 horas, o quociente por 60 minutos e uma última vez por 60 segundos.
O valor obtido dá-nos a área que destruímos por segundo neste planeta (ainda) azul! Para quem não quis fazer as contas, são qualquer coisa como 6 360 m2 , o equivalente à área do relvado de um campo de futebol!
Mesmo que exista algum exagero nestes números, a realidade é bem cruel: o Homem está a destruir o seu suporte de vida, os ecossistemas de que depende para se alimentar (é à biodiversidade dos sistemas naturais que vai buscar as espécies que cultiva), para respirar, para curar as suas doenças...
E os exemplos podiam continuar quase indefinidamente, mas com que resultados? Passaríamos a adquirir veículos híbridos, menos poluentes? Passariam as multinacionais petrolíferas a investir nas energias alternativas? O governo Americano passaria a assinar e a respeitar todas as convenções e tratados sobre desenvolvimento sustentável?
Não.
A única maneira de arrepiarmos caminho é estarmos conscientes das consequências da nossa actuação. E para isso, há que mudar programas escolares, educar ambientalmente os jovens, ensinar-lhes de pequeninos os valores de que dependem para sobreviver, afinal ensinarem-nos a serem Cidadãos, assim, com um “C” grande. E depois é esperar que a receita produza efeitos. Demora gerações. Demasiadas, temo eu, para tão urgente tarefa que desde há décadas se anuncia.
Para mudarmos de atitude, temos que interiorizar a natureza.
Podemos conhecer os conceitos, ter na ponta da língua definições e termos muito ambientais, em suma, conhecer toda a teoria! Mas nada substitui o contacto com a verdadeira natureza, com cujas lições aprendemos sobre as sensibilidades do seu funcionamento, sobre os segredos da sua persistência em existir para além dos tempos!
E para isso não nos dão tempo. Os valores dos nossos jovens são feitos do plástico dos grandes centros comerciais. Nas grandes cidades há crianças que nunca tocaram uma galinha ou viram uma ave de rapina a caçar. Não distinguem uma laranjeira de uma macieira.
Separa-se o lixo por que é moda – não se sente o gesto! A poluição e o desperdício são termos que não estranhamos.
O Homem, última criação de uma evolução quase perfeita(?), é o único animal que utiliza a Natureza contra si próprio. Dir-se-ia que se orgulha por utilizar a inteligência da forma mais estúpida possível.
Porquê a conservação da natureza? Porque já não podemos esperar mais. Como disse um chefe índio, «não herdámos a Terra dos nossos antepassados, antes a pedimos emprestada aos nossos netos».
E haverá um dia em que temos de lhes prestar contas, acrescento eu. Mais depressa do que julgamos.